quarta-feira, 12 de novembro de 2008

EDUCANDO PARA A BELEZA UNIVERSAL


Marcia Fortes

Vivemos um grande momento de grandes inovações tecnológicas em todas as áreas e na área de beleza as possibilidades de cosméticos e tratamentos estéticos parecem que atingem uma velocidade ainda maior. Várias clínicas oferecem alternativas que vão da drenagem linfática, botox e cremes “milagrosos” que prometem pele lisa eternamente. Alguns salões oferecem “escova inteligente”.

Até a morte da dona de casa de Goiânia Maria Eni da Silva, 33 anos, por choque anafilático em função de reação alérgica ao uso de formol, a escova progressiva era uma febre entre mulheres famosas e de classes populares para permanecer com os cabelos lisos.
Se por um lado podemos olhar para a população e ver refletido o efeito desses avanços nas pessoas que lançam mão cada vez mais (em todas as idades e classes sociais e étnicas) deste recurso, para elevar a auto estima, por outro este mesmo recurso que aparentemente eleva a auto estima não tem promovido de fato um crescimento interno que realmente nos faça entender o quanto somos capazes de sermos felizes para além das maquiagens dessas técnicas utilizadas.

Os tratamentos estéticos capilares e corporais tem a função de fazer-nos sentirmos melhores em relação a nossa aparência o que nos dá uma sensação de bem estar muito grande diante do espelho e outras pessoas no convívio social. São recursos que ajudam a criar possibilidades diferenciadas em nossa aparência física. E na medida que fazemos estas alterações nos comportamos de uma maneira mais positiva.
Porém se o uso destes recursos não vêem acompanhado de um processo educativo passamos a deixar de utilizar os recursos que podem nos beneficiar, para nos escondermos atrás deles, esquecendo que todo nosso potencial não é gerado por eles . Os recursos são criados por nós e não o contrário são nossos criadores, não podem ter o poder de servir de instrumentos para favorecer a ditadura da beleza.

Sabemos que no processo de amadurecimento natural nossas características físicas e felizmente cognitivas vão se alterando. Utilizamos a coloração para alterar a cor dos cabelos brancos que irão surgindo, técnicas antienvelhecimento para manter a pele jovem, mas precisamos saber que as nossas aparências, o nosso tempo vivido, todos os sucessos e insucessos é que formam quem somos e não há porque negar o tempo que se tem, sejamos homens ou mulheres.

É muito comum que pessoas de cabelos crespos busquem algum tipo de modificação nos fios para criar uma aparência diferenciadas como os cabelos mais lisos ou ondulados. Mas se repetimos com freqüência que esta mudança tem que ser feita em cima do rótulo de que o cabelo crespo é ruim isso dá sinais de que de alguma forma nos sentimos inferior, basta obsevar a forma como andamos (curva) e encaramos o mundo(capisbaixo). Sabemos que a origem deste comportamento está na forma de construção da identidade da população negra no Brasil que tem forte influência da escravidão que destruiu muito das nossas origens.
Crespo é uma característica do cabelo (negroide) como ondulado, liso. Ruim é um valor atribuído (qualidade). Se não soubermos distinguir entre característica e qualidade ficaremos presos aos recursos e não o utilizaremos a nosso favor.
As característica de cada um constrói a riqueza da diversidade. A qualidade neste caso (bom/ruim) nos coloca em hierarquias superiores, inferiores. Mas do que isso faz com que nos sintamos capazes de executar determinadas ações ou não, está ligado neste caso a capacidade.
Estas questões estão diretamente relacionadas ao processo educacional que em minha opinião tem como instituição principal a escola, mas abrange as famílias e a sociedade como um todo, em todos os seus setores.
É a educação para a autonomia que fará com que percebamos o quanto é preciso termos atitude que nos elevem, porque nós estamos no comando da nossa vida e de seus resultados

Cabeleireira Proprietária do Bella Immaginne - Centro de Beleza
bellaimmaginne@bellaimmaginne.com.br

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