sábado, 29 de novembro de 2008

Vitória de Barak Hussein Obama - Uma tradução histórica, cultural e política da globalização


...Quem cede a vez não quer vitória. Somos herança da memória. Temos a cor da noite. Filhos de todo açoite Fato real de nossa história...

Jorge Aragão (Identidade)

A eleição de Barak Hussein Obama, suscitará debates entre os mais miseráveis das sarjetas do Harlem até os maiores intelectuais do Quênia. Este momento marcará para sempre o período da pós modernidade. O Al Qaeda, através do seu número dois, já se pronunciou e tentará levar até o presidente eleito dos Estados Unidos da América o singelo abraço de um homem ou mulher bomba com o apoio da ku klux klan.

A vitória do pai de Malia e Sasha, marido da Sr.ª Michelle, é positivamente simbólica para todos de qualquer etnia, que perseguem seus sonhos em cada lugar do continente, mas é inegável que este símbolo é muito mais forte para o povo negro. Obama, diferente de outros políticos, é ascendente do movimento social, formado em Direito pela Universidade de Harvard, foi líder comunitário, atuando como advogado pela causa dos direitos civis até sua eleição para senador pelo Estado de Illinois.
Sua ascenção é a tradução cultural da identidade pós moderna, aquela identidade que junto com as pessoas, Stuart Hall
[1] chama de dispersadas para sempre de sua terra natal, mas com fortes vínculos de seu lugar de origem. Estes líderes são protagonistas de mudanças revolucionárias em várias partes do globo, onde o destino os coloca. E sua colaboração é trazer o diferente, pensar para além do seu tempo. Esta identidade que Obama mostra ao mundo é o acolhimento de várias experiências passadas na Indonésia, Havaí, Quênia e nas diversas cidades dos estados norte-americanos.

No Brasil, com a provável vitória de um afro-americano se desenhando em uma das maiores potências do mundo, os editoriais e artigos da grande mídia já se pronunciavam uma semana antes contra o uso da identificação de Barak Hussein como negro. Esta questão de trato étnico e cultural deverá acompanhar toda a história do seu mandato.


Alguns fatos anteriores desenharam esta aquarela. Entre eles: a eleição para presidente do torneiro mecânico Luis Inácio Lula da Silva no Brasil em 2002, a força do povo venezuelano que recolocou o comandante Hugo Chaves no seu posto após um golpe de Estado costurado na Casa Branca e patrocinado pela elite venezuelana, a vitória do primeiro indígena na Bolívia em 2006, seguida da derrota do Partido Colorado no Paraguai que após 61 anos no poder, perdeu as eleições em 2008 para o “Bispo dos Pobres” Padre Fernando Lugo. E “para não dizer que não falamos das flôres”, em 2007 no concurso de Miss Universo entre as dez mais belas mulheres do planeta escolhida pelo jurí, três eram negras de países do continente africano e entre estas, uma era careca, quebrando todos os paradigmas identitários que tendiam a marcar este século como esquálido e anêmico. Sem falar na eleição das três mulheres pioneiras em seus países: Angela Merkel-a primeira chanceler da Alemanha, Ellen Johnson Sirleaf eleita presidente da Libéria e a primeira a assumir o poder em um país do continente africano e Michelle Bachelet que foi eleita agora como primeira presidente do Chile.
Os acontecimentos políticos são também culturais e por mais abstratos que pareçam estão reconstruindo identidades, revendo pontos de vistas. A globalização que diminuiu a fronteira da economia de mercado e atinge a todo o mundo, traz também novos símbolos e valores, produtos das mudanças constantes que o conhecimento das realidades mais longíquas, da civilização moderna, acaba influenciando e sendo influenciado pelo mundo globalizado.

Que saibam todos que hoje em qualquer parte do mundo, seja na América do Norte, seja no Quênia. Tudo é possível...

Entre as promessas de campanha de Barak Hussein está a retirada da base militar de Guantânamo em Cuba e a retirada até 2010 das tropas do Iraque. Como presidente de uma das maiores potências mundiais poderá fazer muito mais do que isso, e em suas entrevistas tem deixado claro sua intenção em caminhar em busca da paz. Com isso ganha o EUA que poderá investir em sua população o que investia em material bélico, ganha o mundo com a derrota dos partidários de George Bush, o senhor das guerras. Ganhamos todos nós que acreditamos que a história não é feita pelo desejo de um personagem, ela é dinâmica, está em constante processo de mudança e aperfeiçoamento do ser humano e isso nos obriga a não deixar de sonhar em um mundo diferente e justo. Temos muito a construir para que a evolução não seja só tecnológica ou científica mas atinja também através do entroncamento das culturas, a nossa alma.


Geraldo Bastos
Presidente do Gestar - Grupo de Estudo e Ação Racial

http://www.geraljongobastos.blogspot.com/
geraldobastosvencedor@gmail.com

[1] A identidade cultural na pós-modernidade – ( Stuart Hall 11ª edição, 2006)

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

JONGÁ CANTOS DE FÉ, DE TRABALHO E DE ORGIA


Na sua segunda edição o projeto Jongá - Cantos de Fé, de Trabalho e de Orgia, volta ampliado e ocupa nos dias 18, 19 e 20 de novembro, três ambientes da Caixa Cultural: a sala de oficinas, com workshops de percussão (às 14:30 horas); o Cinema 2 com sessões comentadas sobre a travessia do Atlântico Negro (17:30 horas) e o Teatro de Arena, onde serão apresentados espetáculos de Moçambique, Jongo e Caxambu (19:00 horas).
Os workshops serão ministrados pelo mestre Humberto Balogum, 85, um dos últimos guardiões da tradição Angola-Congo. Os filmes selecionados pelo jornalista, crítico e diretor de televisão Wagner Corrêa de Araújo vão refletir sobre aspectos da cultura brasileira e sua mestiçagem nas falas, nas danças e nos sotaques dos tambores, numa preparação para os musicais à noite, onde o ambiente do Teatro de Arena vai favorecer a interação do público com as culturas coletivas de terreiro.
“Se, na primeira edição – em novembro de 2007 – o projeto contemplava os saberes herdados da tradição Banta, nos Jongos; nos Lamentosos das Ladainhas e nas Toadas de trabalho nos canaviais, nesta edição, Jongá explora como estas matrizes dialogam com o entorno, seja no cinema, nas falas dos tambores ou nas terreiradas trazidas para o palco”, adianta o idealizador e curador do projeto, o escritor, etnomusicólogo e percussionista Délcio Teobaldo.
O projeto será aberto dia 18, pelo Moçambique de São Benedito do Marechal de Cunha (SP), comandado pelo patriarca José Jerome, 74, que este ano foi um dos mestres populares agraciados com o Prêmio Humberto Maracanã, do Ministério da Cultura. No dia seguinte, 19, a Comunidade de Sapezal, do mesmo município paulista, brinda o público com seu Jongo patriarcal (feito apenas por homens, como é tradição desta cultura). Jongá será fechado por Délcio Teobaldo, no dia 20, com uma roda de Caxambu que celebra os ritos de plantio, cuidados, colheita e gozo dos frutos da Terra.
Délcio Teobaldo, que este ano foi o quarto autor brasileiro a ganhar o “Barco a Vapor” (http://www.edicoessm.com.br)/, maior prêmio de literatura infanto-juvenil do mundo, instituído em oito países, se destitui de todos os saberes adquiridos para reverenciar a herança banta, judaico-cristã e cabocla, transmitida por seus pais e avós.
Através do Jongo incomum de Cunha, numa extremidade e do Caxambu fundamentado em arquétipos femininos apresentado por Délcio Teobaldo, no outro, Jongá discute e reavalia a rota do Atlântico como via de mão dupla; legitimação da nossa herança e identidade, da sua prática comunitária à exposição no mercado midiático, no ano em que são lembrados os 120 anos de Abolição da Escravatura (1888).

SERVIÇO
JONGÁ – CANTOS DE FÉ, DE TRABALHO E DE ORGIA
Humberto Balogum (Whorkshops – dias 18, 19, e 20, às 15:30hs)
Wagner Corrêa de Araújo (Sessões de cinema – dias 18, 19 e 20, às 17:30hs
Moçambique de São Benedito do Marechal de Cunha (São Paulo) dia 18, 19:00hs.
Jongo Patriarcal da Comunidade de Sapezal do Cunha (São Paulo), dia 19, 19:00hs.
Jongá, délcio teobaldo (tambor e canto); Lucá Rodrigues (percussão com talas de bananeira e coro); Ana Paula Dias (dança) dia 20, 19:00 horas.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

EDUCANDO PARA A BELEZA UNIVERSAL


Marcia Fortes

Vivemos um grande momento de grandes inovações tecnológicas em todas as áreas e na área de beleza as possibilidades de cosméticos e tratamentos estéticos parecem que atingem uma velocidade ainda maior. Várias clínicas oferecem alternativas que vão da drenagem linfática, botox e cremes “milagrosos” que prometem pele lisa eternamente. Alguns salões oferecem “escova inteligente”.

Até a morte da dona de casa de Goiânia Maria Eni da Silva, 33 anos, por choque anafilático em função de reação alérgica ao uso de formol, a escova progressiva era uma febre entre mulheres famosas e de classes populares para permanecer com os cabelos lisos.
Se por um lado podemos olhar para a população e ver refletido o efeito desses avanços nas pessoas que lançam mão cada vez mais (em todas as idades e classes sociais e étnicas) deste recurso, para elevar a auto estima, por outro este mesmo recurso que aparentemente eleva a auto estima não tem promovido de fato um crescimento interno que realmente nos faça entender o quanto somos capazes de sermos felizes para além das maquiagens dessas técnicas utilizadas.

Os tratamentos estéticos capilares e corporais tem a função de fazer-nos sentirmos melhores em relação a nossa aparência o que nos dá uma sensação de bem estar muito grande diante do espelho e outras pessoas no convívio social. São recursos que ajudam a criar possibilidades diferenciadas em nossa aparência física. E na medida que fazemos estas alterações nos comportamos de uma maneira mais positiva.
Porém se o uso destes recursos não vêem acompanhado de um processo educativo passamos a deixar de utilizar os recursos que podem nos beneficiar, para nos escondermos atrás deles, esquecendo que todo nosso potencial não é gerado por eles . Os recursos são criados por nós e não o contrário são nossos criadores, não podem ter o poder de servir de instrumentos para favorecer a ditadura da beleza.

Sabemos que no processo de amadurecimento natural nossas características físicas e felizmente cognitivas vão se alterando. Utilizamos a coloração para alterar a cor dos cabelos brancos que irão surgindo, técnicas antienvelhecimento para manter a pele jovem, mas precisamos saber que as nossas aparências, o nosso tempo vivido, todos os sucessos e insucessos é que formam quem somos e não há porque negar o tempo que se tem, sejamos homens ou mulheres.

É muito comum que pessoas de cabelos crespos busquem algum tipo de modificação nos fios para criar uma aparência diferenciadas como os cabelos mais lisos ou ondulados. Mas se repetimos com freqüência que esta mudança tem que ser feita em cima do rótulo de que o cabelo crespo é ruim isso dá sinais de que de alguma forma nos sentimos inferior, basta obsevar a forma como andamos (curva) e encaramos o mundo(capisbaixo). Sabemos que a origem deste comportamento está na forma de construção da identidade da população negra no Brasil que tem forte influência da escravidão que destruiu muito das nossas origens.
Crespo é uma característica do cabelo (negroide) como ondulado, liso. Ruim é um valor atribuído (qualidade). Se não soubermos distinguir entre característica e qualidade ficaremos presos aos recursos e não o utilizaremos a nosso favor.
As característica de cada um constrói a riqueza da diversidade. A qualidade neste caso (bom/ruim) nos coloca em hierarquias superiores, inferiores. Mas do que isso faz com que nos sintamos capazes de executar determinadas ações ou não, está ligado neste caso a capacidade.
Estas questões estão diretamente relacionadas ao processo educacional que em minha opinião tem como instituição principal a escola, mas abrange as famílias e a sociedade como um todo, em todos os seus setores.
É a educação para a autonomia que fará com que percebamos o quanto é preciso termos atitude que nos elevem, porque nós estamos no comando da nossa vida e de seus resultados

Cabeleireira Proprietária do Bella Immaginne - Centro de Beleza
bellaimmaginne@bellaimmaginne.com.br

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

FUNCIONÁRIOS DO SEPE EM GREVE


SOLIDARIEDADE EM ALTA

TRABALHADORES FAZEM GREVE CONTRA DEMISSÃO DE FUNCIONÁRIA DO SEPE

Os funcionários do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (SEPE) fizeram uma greve com adesão de 100% da categoria. O motivo foi a demissão da funcionária Iniete de São Gonçalo, que foi demitida, após 8 anos de trabalho do sepe, por motivo de perseguição política e assédio moral.

Certamente alguém pode dizer: mas o patrão têm direito de demitir e certamente é verdade, mas quando o motivo é político e os patrões são sindicalistas representantes de uma categoria que trabalha com a educação, um dos nossos pilares para a construção de uma sociedade justa, fica difícil entender e aceitar esta postura.

Na maioria das vezes problemas em sindicatos entre funcionários e patrões sindicalistas, indicam que há um vazio de planejamento político e organizacional. A melhor solução é fazer o dever de casa e organizar um mandato sindical voltado para as lutas da categoria. Se não podem ajudar na construção de uma sociedade com justiça social, que tenham pelo menos justiça dentro dos meios onde possuem poder para fazer diferente.
Aproveitando o enredo parabenizo o SINTESIRJ pelo acompanhamento responsável do caso do SEPE e também pela reintegração da funcionária Débora da Silva Diniz no Processo da 3ª Vara do Trabalho. Além da reintegração o advogado do SINTESI também conseguiu para a funcionária uma indenização de R$ 10.000,00 (dez mil reais) por danos morais.










quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Obama " O Escolhido"


Barack Obama, 47 anos, senador de Illinois, fez história ao ser eleito o primeiro negro presidente dos Estados Unidos. Filho de pai queniano e de mãe branca do Kansas, dotado de um forte carisma, foi a estrela incontestável da convenção democrata de 2004 e fez um discurso considerado histórico na convenção deste ano, quando foi indicado pelo partido para disputar a presidência.
» Veja fotos da vitória de Obama » Obama é eleito o 1º presidente negro dos EUA » McCain admite derrota e parabeniza Obama » Veja como foram outras eleições nos EUA
Nacido en Honolulu, no Havaí, e criado entre os Estados Unidos e a Indonésia, conhece tanto os cenários do poder e dos privilegiados nos Estados Unidos, como os bairros mais pobres. É visto por seus partidários e por boa parcela da opinião pública mundial como uma possibilidade de mudança da postura americana em relação ao mundo. A "Obamania" conquistou o apoio da maior estrela da TV americana - a apresentadora Oprah Winfrey, e de diversas outras celebridades.
Sua adolescência no Havaí foi marcada tanto por uma trajetória escolar destacada como anos de rebeldia e envolvimento com drogas. A vida acadêmica foi marcada pela passagem por Harvard, onde conviveu com muitos daqueles que formariam a elite do país. Formado em Direito, trabalhou em um escritório de advocacia em Chicago, onde também foi professor de Direito Constitucional na Universidade de Chicago.
Em 1996, foi eleito para o Parlamento estadual representando Hyde Park - região em South Side, Chicago, onde estão localizados bairros bastante pobres. Em 2005, assumiu uma cadeira no Senado dos Estados Unidos. Lá, integrou diversas comissões e obteve destaque por sua atuação, o que lhe permitiu postular a candidatura à presidência da República, em fevereiro de 2007.
A indicação veio após uma dura disputa com a senador Hillary Clinton durante as primárias. Antes disso, no dia 4 de junho, após ter vencido Hillary no Estado de Montana, assimiu-se como o candidato democrata às eleições. Antes disso, durante a briga pela indicação, envolveu-se em polêmicas em razão de ter participado da igreja do pastor Jeremiah Wright Jr., considerado um racista negro, e também por seu pai ser um muçulmano.
Como candidato, as maiores críticas que Obama sofreu foi em razão da sua inexperiência política. Seu adversário, o republicano John McCain, declarou inúmeras vezes que Obama não está preparado para governar os Estados Unidos. Para McCain, Obama fala de política externa sem ter experiência no assunto. Obama, por sua vez, jogou todas suas fichas na sua proposta de renovar a política americana.
Nome completo: Barack Hussein Obama Jr.
Data de nascimento: 4 de agosto de 1961, Honolulu, Havaí
Família: Casado com Michelle Robinson Obama desde 3 de outubro de 1992. Tem duas filhas: Malia Ann e Natasha
Religião: Protestante
Educação: Occidental College, 1979-1981. Universidade de Columbia, 1983. Faculdade de Direito de Harvard, 1991
Carreira profissional: Trabalhou como advogado especializado em direitos civis em Chicago. Eleito para o Senado em 2004

domingo, 26 de outubro de 2008

DIRETOR DO FMI É "INOCENTADO" SOBRE AÇÃO DE ASSÉDIO MORAL

FMI inocenta diretor acusado de assédio moral

Folha on line/JL

A diretoria do FMI (Fundo Monetário Internacional) inocentou o diretor-gerente Dominique Strauss-Kahn, investigado por acusações de assédio sexual, favoritismo e abuso de poder em um inquérito sobre sua relação com uma funcionária do organismo internacional.
Segundo o FMI, as investigações sobre a conduta imprópria de Strauss-Kahn revelaram que ele teve um relacionamento consensual com Piroska Nagy, uma ex-alta funcionária húngara do Departamento Africano do FMI, casada com um economista argentino que também é ex-funcionário do Fundo, Mario Blejer.
Jose Luis Magana/AP O diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Khahn Reportagem do "The Wall Street Journal" apontou que foi o próprio Blejer quem descobriu a infidelidade da mulher a partir de mensagens de correio eletrônico trocadas por Nagy e Strauss-Kahn em janeiro deste ano.
"O conselho executivo sublinhou que o incidente foi lastimável e refletiu um sério erro de julgamento da parte do diretor-geral", afirmou a diretoria do Fundo, em um comunicado oficial. Um dos membros do conselho executivo, Shakour Shaalan, afirmou que a decisão foi unânime entre os 24 membros do conselho, que supervisiona as operações diárias da instituição global. Shaalan disse ainda que Strauss-Kahn ainda contava com a confiança da diretoria do Fundo.
"Nossa conclusão foi de que isso não vai afetar a eficiência do diretor-geral nos tempos difíceis e desafiadores que temos pela frente", afirmou Shaalan. "Este foi um incidente desafortunado, do qual ele expressou arrependimento e a diretoria aceitou suas desculpas. Eu, pessoalmente, conversei com ele após a reunião e disse que isto não deveria se repetir", acrescentou o representante do Fundo.

domingo, 21 de setembro de 2008

AMEAÇAS NO AMBIENTE DE TRABALHO

Ameaças no ambiente de trabalho levam à depressão e ao estresse, diz estudo
Plantão Publicada em 10/08/2006 às 17h50m
O Globo
RIO - Sofrer violências ou ameaças de clientes, pacientes, alunos ou colegas de trabalho agrava fortemente os riscos de se ter depressão ou doenças ligadas ao estresse, de acordo com um estudo dinamarquês publicado na mais recente edição da "Journal of Epidemiology and Community Health".
Os pesquisadores da Universidade de Aarhus compararam as condições de trabalho de 58 mil empregados sem qualquer problema de saúde mental com um grupo de mais de 14 mil assalariados, entre 18 e 65 anos, em tratamento de depressão e doenças ligadas ao estresse, levando sempre em conta na comparação o sexo e a idade.
Os participantes do estudo foram convidados a relatar se sofreram ameaças ou violências no ambiente de trabalho nos 12 meses precedentes. Cerca de 7% das mulheres e 5% dos homens responderam ter sido ameaçados, enquanto 3,3% das mulheres e 1% dos homens relataram ainda ter sofrido violência física.
O estudo concluiu que a exposição a formas de violência em ambiente profissional eleva em 45% o risco de depressão para as mulheres e de 48% para os homens. Também agrava a freqüência de distúrbios ligados ao estresse (em comparação com quem não sofre violência no trabalho), respectivamente em 32% para as mulheres e 55% para os homens.
Com relação às ameaças, elas também pioram a saúde do trabalhador: aumentam em 48% nas mulheres o risco de depressão e em 59% nos homens o risco de doenças ligadas ao estresse.
Segundo os pesquisadores, as áreas em que os trabalhadores mais se queixam de violência e ameaças são as de educação, saúde e assistência social. Para os médicos envolvidos na pesquisa, é preciso dar prioridade à prevenção da violência no ambiente de trabalho, sob pena de um aumento considerável da incidência de distúrbios psíquicos.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Assédio Moral e a Significação do Trabalho



Ao lado audiência pública sobre o assédio moral

O ambiente de trabalho quando adoece, produz violências simbólicas que em sua grande maioria atinge os trabalhadores, sobretudo os que possuem senso crítico mais aguçado. Sendo assim percebemos que o trabalho pode tanto causar felicidade e realização, tanto quanto infelicidade e sofrimento.
Felicidade e infelicidade, realização humana e afeto são questões que estão fora da ordem do dia, inclusive das organizações de defesa dos trabalhadores. O trabalho não foge a regra da atenção das políticas públicas, já que é um dos instrumentos sociais de construção da dignidade humana, precisando para isso que as empresas, além do lucro, tenham em seus planos de negócios como premissa a responsabilidade social.
O Sintesi –RJ – Sindicato dos Trabalhadores em Entidades Sindicais foi um dos primeiros a lançar uma cartilha de combate ao assédio moral e apesar de ser distribuída em várias empresas, foi dos funcionários de sindicatos que vieram o maior numero de denúncias de violência psicológica. Um dos temas que devemos aprofundar hoje é o enfoque do assédio moral no ambiente de trabalho. O ambiente do trabalho doentio é considerado o principal fator de risco das questões relacionadas à violência moral.

Em 2002 me envolvi com este tema através de experiência própria , quando tive (Burnout) “Síndrome de Esgotamento Profissional” encontrei nas terapias, nas consultas psiquiátricas e nos debates onde tive condições de participar diversos trabalhadores vitimizados pelo assédio moral, em todos os casos me interessei em conhecer a realidade do ambiente de trabalho, por depoimento ou in loco, descobria que em todos eles o ambiente era insalubre para o equilíbrio mental (psíquico)
As pautas das reivindicações sindicais apesar de vários itens, são na maioria das vezes de caráter financeiro. Quando através da greve se consegue o primeiro item que é aumento salarial a greve sempre acaba, aumenta a arrecadação do sindicato, e os trabalhadores continuam infelizes. [1]Muitos analistas consideram que a atonia das reações à escalada da adversidade social se deve a fragilidade crescente das organizações sindicais. Essa análise, embora justa, é incompleta. Afinal, a fragilidade dos sindicatos é causa ou conseqüência? (Dejours, 2003)
O trabalho por si só não pode ser considerado o agente causador do assédio moral e dos adoecimentos resultantes desta violência. Ele é o grande palco do sofrimento para os que se acham excluídos quanto para os que nele permanecem. (Dejours, 2003). Para os que ficam excluídos por licença médica há ainda o sofrimento da burocracia previdenciária, das perícias realizadas por peritos desqualificados para questões ligadas as doenças psíquicas e a ameaça constante de mesmo em tratamento ainda adoecido, o trabalhador vir a ter alta após meses de espera por perícia – o que faz com que ao chegar a empresa (quando consegue voltar) receba a comunicação de demissão por justa causa em função do “abandono do emprego”.
Várias são as doenças provocadas pelo assédio moral no ambiente de trabalho. Entre as doenças de ordem psíquica, a depressão é a que possui maior incidência.
[1] A Banalização da Injustiça Social (Dejours pág.37)

Segundo estudo da [1]Universidade Aarhus realizado com 58 mil empregados em comparação com 14 mil assalariados entre 18 e 65 anos em tratamento de doenças ligadas ao estresse no trabalho publicado pelo "Journal of Epidemiology and Community Health". [2]O estudo concluiu que a exposição a formas de violência em ambiente profissional eleva em 45% o risco de depressão para as mulheres e de 48% para os homens. Também agrava a freqüência de distúrbios ligados ao estresse (em comparação com quem não sofre violência no trabalho), respectivamente em 32% para as mulheres e 55% para os homens.
Com relação às ameaças, elas também pioram a saúde do trabalhador: aumentam em 48% nas mulheres o risco de depressão e em 59% nos homens o risco de doenças ligadas ao estresse.
Segundo os pesquisadores, as áreas em que os trabalhadores mais se queixam de violência e ameaças são as de educação, No Rio de Janeiro 70% dos licenciados em auxílio doença na área de educação sofrem de depressão. Estes dados se de alguma forma nos alarma e impressionam, de outra forma consola o tirano e assediador. Segundo decisão do TRT da 24ª Região a depressão não pode ser equipara como doença típica do ambiente do trabalho. As razões do julgamento estão no entendimento de que não há provas científicas sobre as causas da patologia, não podendo ser afirmado que a doença é resultante das atividades de trabalho desempenhadas pelo trabalhador. (Espaço Vital 26/08/2004). Sendo assim mesmo adoecendo no ambiente de trabalho ficam os patrões desobrigados ao recolhimento do FGTS enquanto o mesmo estiver em auxílio doença e o desobriga a garantia de emprego do trabalhador.
O trabalhador celetista vítima de assédio moral está amparado na CLT através do artigo 483, alínea “a” e Alínea “b”.
Alguns advogados patronais irão desencorajar os trabalhadores para uma ação na justiça alegando a dificuldade em colher provas, isso não deve fazer o trabalhador recuar, pelo contrário uma das questões mais relevantes que têm levado alguns juízes a considerar a alegação dos trabalhadores em processos de assédio moral é o fato de que este é um crime na maioria das vezes de caráter “invisível” é como o racismo que fazem ainda hoje as empresas, sobretudo os bancos e setor comerciário empregarem 99% de mulheres jovens, brancas e louras com mechas californianas no cabelo e negar que a ausência de negras no atendimento não têm nada a haver com o conceito de “boa aparência” retirado dos anúncios de jornais, mas mantidos nos setores de recursos humanos.












Estudo da Drª Margarida Barreto[3] revela que os maiores atingidos pelo assédio moral são as mulheres e negros. Portanto mesmo sem prova documental toda vítima de assédio moral deve denunciar ao Ministério Público do Trabalho (casos coletivos) ao sindicato e aos órgãos de direitos humanos. Um dito popular usado nas lutas pelos direitos humanos é de que “até o cachorro late diante de uma injustiça” o que não pode é um trabalhador que entrou sadio na empresa e depois de algum tempo de trabalho adoece nesta mesma empresa ouvir do advogado que o caso é de difícil prova (nexo causal) que precisa de documentos e que é melhor desistir. Não reagir é o primeiro passo para aprofundar o adoecimento, se deprimir, enlouquecer e morrer. Quando alguém vê a ausência do dedo em uma das mãos do Presidente Lula, mesmo que ele não fale, fica explícito o nexo entre o torno mecânico da empresa metalúrgica e o dedo decepado do presidente, no inconsciente e consciente coletivo fica objetivado o acidente de trabalho causador do aleijão.
O assédio moral aleija a alma, o nexo causal entre um trabalhador que sofre na empresa é o patrão que sorri nos gabinetes e escritórios, é a falta de chão emocional, da fé na justiça, da vontade de viver. A subjetividade que cerca as emoções feridas e perdidas na violência cotidiana do mundo do trabalho só é visível para quem tem olhos de se ver no lugar do outro.
O assediador é um inseguro, ele usa a demarcação de território e instrumentos perversos para garantir sua linha de ação, entre elas à “fritura” o “descrédito”, a “intimação”, a “exclusão” e a manipulação de informação. Com estes instrumentos ele preserva seu território de ação, muitos dirão que a preservação de território é inerente ao ser humano, certamente não estão errados, mas quando vem acompanhado dessas questões em destaque faz com que a preservação territorial colonize algo essencial para o bom andamento não só da empresa, mas também para o desenvolvimento da própria humanidade que é a mente que jamais deve ser colonizada por ninguém, e que no mundo do trabalho deve ser usada para simbiose da realização pessoal e social, para que quando alcançarmos a redução da jornada de trabalho possamos ter a autonomia de escolher o lazer e o convívio social e familiar em vez da necessidade de permanência nas clínicas de tratamento psiquiátricos.
[1] Universidade Dinamarquesa
[2] Jornal O Globo (10/08/2006)
[3] Médica, mestre e doutora em Psicologia Social PUC/SP, pesquisadora associada do Núcleo de Estudos Psicossociais da dialética exclusão/inclusão social –NEXIN/PUCSP e Assessora do Sindicato dos Trabalhadores nas Industrias Químicas e Plásticos de São Paulo.



[1] - Graduando em Gestão de Recursos Humanos - Presidente do GESTAR – Grupo de Estudo e Ação Racial. mailto:Racial.geraldobastosvencedor@gmail.com