domingo, 21 de setembro de 2008

AMEAÇAS NO AMBIENTE DE TRABALHO

Ameaças no ambiente de trabalho levam à depressão e ao estresse, diz estudo
Plantão Publicada em 10/08/2006 às 17h50m
O Globo
RIO - Sofrer violências ou ameaças de clientes, pacientes, alunos ou colegas de trabalho agrava fortemente os riscos de se ter depressão ou doenças ligadas ao estresse, de acordo com um estudo dinamarquês publicado na mais recente edição da "Journal of Epidemiology and Community Health".
Os pesquisadores da Universidade de Aarhus compararam as condições de trabalho de 58 mil empregados sem qualquer problema de saúde mental com um grupo de mais de 14 mil assalariados, entre 18 e 65 anos, em tratamento de depressão e doenças ligadas ao estresse, levando sempre em conta na comparação o sexo e a idade.
Os participantes do estudo foram convidados a relatar se sofreram ameaças ou violências no ambiente de trabalho nos 12 meses precedentes. Cerca de 7% das mulheres e 5% dos homens responderam ter sido ameaçados, enquanto 3,3% das mulheres e 1% dos homens relataram ainda ter sofrido violência física.
O estudo concluiu que a exposição a formas de violência em ambiente profissional eleva em 45% o risco de depressão para as mulheres e de 48% para os homens. Também agrava a freqüência de distúrbios ligados ao estresse (em comparação com quem não sofre violência no trabalho), respectivamente em 32% para as mulheres e 55% para os homens.
Com relação às ameaças, elas também pioram a saúde do trabalhador: aumentam em 48% nas mulheres o risco de depressão e em 59% nos homens o risco de doenças ligadas ao estresse.
Segundo os pesquisadores, as áreas em que os trabalhadores mais se queixam de violência e ameaças são as de educação, saúde e assistência social. Para os médicos envolvidos na pesquisa, é preciso dar prioridade à prevenção da violência no ambiente de trabalho, sob pena de um aumento considerável da incidência de distúrbios psíquicos.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Assédio Moral e a Significação do Trabalho



Ao lado audiência pública sobre o assédio moral

O ambiente de trabalho quando adoece, produz violências simbólicas que em sua grande maioria atinge os trabalhadores, sobretudo os que possuem senso crítico mais aguçado. Sendo assim percebemos que o trabalho pode tanto causar felicidade e realização, tanto quanto infelicidade e sofrimento.
Felicidade e infelicidade, realização humana e afeto são questões que estão fora da ordem do dia, inclusive das organizações de defesa dos trabalhadores. O trabalho não foge a regra da atenção das políticas públicas, já que é um dos instrumentos sociais de construção da dignidade humana, precisando para isso que as empresas, além do lucro, tenham em seus planos de negócios como premissa a responsabilidade social.
O Sintesi –RJ – Sindicato dos Trabalhadores em Entidades Sindicais foi um dos primeiros a lançar uma cartilha de combate ao assédio moral e apesar de ser distribuída em várias empresas, foi dos funcionários de sindicatos que vieram o maior numero de denúncias de violência psicológica. Um dos temas que devemos aprofundar hoje é o enfoque do assédio moral no ambiente de trabalho. O ambiente do trabalho doentio é considerado o principal fator de risco das questões relacionadas à violência moral.

Em 2002 me envolvi com este tema através de experiência própria , quando tive (Burnout) “Síndrome de Esgotamento Profissional” encontrei nas terapias, nas consultas psiquiátricas e nos debates onde tive condições de participar diversos trabalhadores vitimizados pelo assédio moral, em todos os casos me interessei em conhecer a realidade do ambiente de trabalho, por depoimento ou in loco, descobria que em todos eles o ambiente era insalubre para o equilíbrio mental (psíquico)
As pautas das reivindicações sindicais apesar de vários itens, são na maioria das vezes de caráter financeiro. Quando através da greve se consegue o primeiro item que é aumento salarial a greve sempre acaba, aumenta a arrecadação do sindicato, e os trabalhadores continuam infelizes. [1]Muitos analistas consideram que a atonia das reações à escalada da adversidade social se deve a fragilidade crescente das organizações sindicais. Essa análise, embora justa, é incompleta. Afinal, a fragilidade dos sindicatos é causa ou conseqüência? (Dejours, 2003)
O trabalho por si só não pode ser considerado o agente causador do assédio moral e dos adoecimentos resultantes desta violência. Ele é o grande palco do sofrimento para os que se acham excluídos quanto para os que nele permanecem. (Dejours, 2003). Para os que ficam excluídos por licença médica há ainda o sofrimento da burocracia previdenciária, das perícias realizadas por peritos desqualificados para questões ligadas as doenças psíquicas e a ameaça constante de mesmo em tratamento ainda adoecido, o trabalhador vir a ter alta após meses de espera por perícia – o que faz com que ao chegar a empresa (quando consegue voltar) receba a comunicação de demissão por justa causa em função do “abandono do emprego”.
Várias são as doenças provocadas pelo assédio moral no ambiente de trabalho. Entre as doenças de ordem psíquica, a depressão é a que possui maior incidência.
[1] A Banalização da Injustiça Social (Dejours pág.37)

Segundo estudo da [1]Universidade Aarhus realizado com 58 mil empregados em comparação com 14 mil assalariados entre 18 e 65 anos em tratamento de doenças ligadas ao estresse no trabalho publicado pelo "Journal of Epidemiology and Community Health". [2]O estudo concluiu que a exposição a formas de violência em ambiente profissional eleva em 45% o risco de depressão para as mulheres e de 48% para os homens. Também agrava a freqüência de distúrbios ligados ao estresse (em comparação com quem não sofre violência no trabalho), respectivamente em 32% para as mulheres e 55% para os homens.
Com relação às ameaças, elas também pioram a saúde do trabalhador: aumentam em 48% nas mulheres o risco de depressão e em 59% nos homens o risco de doenças ligadas ao estresse.
Segundo os pesquisadores, as áreas em que os trabalhadores mais se queixam de violência e ameaças são as de educação, No Rio de Janeiro 70% dos licenciados em auxílio doença na área de educação sofrem de depressão. Estes dados se de alguma forma nos alarma e impressionam, de outra forma consola o tirano e assediador. Segundo decisão do TRT da 24ª Região a depressão não pode ser equipara como doença típica do ambiente do trabalho. As razões do julgamento estão no entendimento de que não há provas científicas sobre as causas da patologia, não podendo ser afirmado que a doença é resultante das atividades de trabalho desempenhadas pelo trabalhador. (Espaço Vital 26/08/2004). Sendo assim mesmo adoecendo no ambiente de trabalho ficam os patrões desobrigados ao recolhimento do FGTS enquanto o mesmo estiver em auxílio doença e o desobriga a garantia de emprego do trabalhador.
O trabalhador celetista vítima de assédio moral está amparado na CLT através do artigo 483, alínea “a” e Alínea “b”.
Alguns advogados patronais irão desencorajar os trabalhadores para uma ação na justiça alegando a dificuldade em colher provas, isso não deve fazer o trabalhador recuar, pelo contrário uma das questões mais relevantes que têm levado alguns juízes a considerar a alegação dos trabalhadores em processos de assédio moral é o fato de que este é um crime na maioria das vezes de caráter “invisível” é como o racismo que fazem ainda hoje as empresas, sobretudo os bancos e setor comerciário empregarem 99% de mulheres jovens, brancas e louras com mechas californianas no cabelo e negar que a ausência de negras no atendimento não têm nada a haver com o conceito de “boa aparência” retirado dos anúncios de jornais, mas mantidos nos setores de recursos humanos.












Estudo da Drª Margarida Barreto[3] revela que os maiores atingidos pelo assédio moral são as mulheres e negros. Portanto mesmo sem prova documental toda vítima de assédio moral deve denunciar ao Ministério Público do Trabalho (casos coletivos) ao sindicato e aos órgãos de direitos humanos. Um dito popular usado nas lutas pelos direitos humanos é de que “até o cachorro late diante de uma injustiça” o que não pode é um trabalhador que entrou sadio na empresa e depois de algum tempo de trabalho adoece nesta mesma empresa ouvir do advogado que o caso é de difícil prova (nexo causal) que precisa de documentos e que é melhor desistir. Não reagir é o primeiro passo para aprofundar o adoecimento, se deprimir, enlouquecer e morrer. Quando alguém vê a ausência do dedo em uma das mãos do Presidente Lula, mesmo que ele não fale, fica explícito o nexo entre o torno mecânico da empresa metalúrgica e o dedo decepado do presidente, no inconsciente e consciente coletivo fica objetivado o acidente de trabalho causador do aleijão.
O assédio moral aleija a alma, o nexo causal entre um trabalhador que sofre na empresa é o patrão que sorri nos gabinetes e escritórios, é a falta de chão emocional, da fé na justiça, da vontade de viver. A subjetividade que cerca as emoções feridas e perdidas na violência cotidiana do mundo do trabalho só é visível para quem tem olhos de se ver no lugar do outro.
O assediador é um inseguro, ele usa a demarcação de território e instrumentos perversos para garantir sua linha de ação, entre elas à “fritura” o “descrédito”, a “intimação”, a “exclusão” e a manipulação de informação. Com estes instrumentos ele preserva seu território de ação, muitos dirão que a preservação de território é inerente ao ser humano, certamente não estão errados, mas quando vem acompanhado dessas questões em destaque faz com que a preservação territorial colonize algo essencial para o bom andamento não só da empresa, mas também para o desenvolvimento da própria humanidade que é a mente que jamais deve ser colonizada por ninguém, e que no mundo do trabalho deve ser usada para simbiose da realização pessoal e social, para que quando alcançarmos a redução da jornada de trabalho possamos ter a autonomia de escolher o lazer e o convívio social e familiar em vez da necessidade de permanência nas clínicas de tratamento psiquiátricos.
[1] Universidade Dinamarquesa
[2] Jornal O Globo (10/08/2006)
[3] Médica, mestre e doutora em Psicologia Social PUC/SP, pesquisadora associada do Núcleo de Estudos Psicossociais da dialética exclusão/inclusão social –NEXIN/PUCSP e Assessora do Sindicato dos Trabalhadores nas Industrias Químicas e Plásticos de São Paulo.



[1] - Graduando em Gestão de Recursos Humanos - Presidente do GESTAR – Grupo de Estudo e Ação Racial. mailto:Racial.geraldobastosvencedor@gmail.com